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Na última semana de maio, com a paralisação dos transportes rodoviários, todos nós descobrimos que estamos a apenas 5 dias do caos no Brasil.

A situação que vivemos, possivelmente sem precedentes, mostrou o quanto as instituições públicas estão despreparadas na detecção precoce de ameaças, na prevenção e no gerenciamento de uma situação grave. As organizações privadas, da mesma maneira, desprevenidas, tiveram seus negócios interrompidos de um dia para o outro. Agricultura, indústria, comércio e serviços amargaram graves prejuízos financeiros. A população, por sua vez, sofreu pela falta de mobilidade, racionamento de comida, medicamentos, gás, entre tantas outras dificuldades.

Das instituições públicas às empresas privadas e até mesmo nas nossas famílias, precisamos fazer (mesmo sem saber) o chamado GERENCIAMENTO DE CRISE, para nos proteger.

O que define uma crise são 3 fatores simultâneos: uma grave ameaça, um cenário de incerteza e uma urgente necessidade de ação. Não há dúvidas, portanto, que enfrentamos uma crise.

Nas crises, a tendência natural das pessoas é o desespero ou a inércia, porque as emoções nos paralisam ou nos movem a tomar atitudes intempestivas. Por isso se viu tantas filas de gente brigando nos postos de combustível para abastecer seus tanques, pessoas subornando frentistas para burlar as cotas mínimas determinadas e gente correndo para os supermercados para estocar produtos.

No âmbito governamental, nunca ouvimos falar tanto sobre comitês de crise. Se esses comitês, no entanto, estivessem trabalhando preventivamente não estaríamos vivendo este caos agora. Da mesma forma, se as empresas estivessem minimamente preparadas para gerenciar crises, os prejuízos seriam bem menores. Mas o brasileiro é um povo otimista por natureza e acha que sempre tudo vai dar certo, sem se esforçar para tal.

De acordo com o ICM (Institute of Crisis Management), em 2017, apenas 29% das crises no mundo aconteceram devido a fatos repentinos.

Isso significa que grande maioria das Crises é previsível. E se é possível prever, é possível prevenir. As crises normalmente acontecem porque riscos e pequenos sinais de alerta são ignorados.

Alguns podem argumentar que é impossível prever as coisas no Brasil, por falta de perspectivas políticas, previsibilidade econômica ou mesmo segurança jurídica.  Este cenário complexo tornaria as combinações de riscos quase infinitas e, por isso, impossível de mapear. No entanto, como estamos muito abaixo do mínimo de planejamento necessário para lidarmos com cenários adversos, qualquer passo na direção da prevenção já é relevante.

Quando uma crise é inevitável e há muitas variáveis que são incontroláveis, o que podemos fazer é trabalhar em planos de mitigação, com o objetivo de minimizar os efeitos negativos.  Para isso, algumas recomendações podem ser úteis:

  • Reúna uma equipe para coordenar a crise com um líder tomador de decisão
  • Avalie cuidadosamente o contexto externo e as variáveis envolvidas
  • Entenda as vulnerabilidades da empresa para seus processos centrais
  • Elabore cenários pessimista, realista e otimista
  • Para cada cenário desenvolva planos de ação
  • Mapeie todos os públicos envolvidos no problema e elabore comunicados específicos para cada um deles
  • Aja rapidamente, porém, com planejamento
  • Monitore permanentemente a situação e os impactos das ações tomadas
  • Avalie os resultados e aprenda com a situação

Percebemos que as crises são uma realidade e todos estamos vulneráveis. Podemos torcer sempre pelo melhor, mas estarmos preparados para o pior.

Devemos ser mais como as “formigas” e menos como as “cigarras”, daquela famosa fábula, e trabalhar preventivamente para garantir nossa sobrevivência nos tempos difíceis.

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